31 de jul. de 2022

Ciro episódio aula




          Ciro hoje está estudando em um dos melhores colégios do estado. Lá o foco é o estudo científico a fim de prestar vestibular e Enem, ingressando seus alunos nas melhores universidades do país. E ele sempre sonhou em ser metalúrgico.
          Sobre livros se viu apaixonado por Química, o estudo do átomo e da composição da matéria. Uma mesma rotina se mantém, acordando as 6:00AM em um pequeno quarto, onde a janela fica entreaberta com a cortina fechada. Ele acorda e da o primeiro passo fora, pisando sobre o skate ao lado da cama, com a precisão de um felino equilibrado entre o macio e o firme. Segue para o abençoado chuveiro afim de repensar sobre o sonho que teve durante a noite. Esquece as preocupações e divaga entre seus pensamentos e a água, formando um único Som!...
          - Estava em meio a um capítulo de um livro e adormeci. Sonhei que estava fora do meu próprio corpo, olhei pra baixo e notei que estava vestido com umas roupas de skate, moletom e boné. O que é estranho porque eu durmo sem roupas. Embora o ar fosse o de um sonho, percebi que estava no meu quarto do mundo real. Percebi assim que era uma espécie de projeção astral, aproveitei e fui em direção a porta, a puxei por auto, e meu braço a atravessou, então me questionei ``Ué? Eu atravesso a matéria?`` Nesse mundo nenhum átomo atravessa outro átomo. É uma Lei da Física. Se um skate for em direção a uma rampa ele vai rampar, em hipótese nenhuma ele a atravessaria. A verdade é que para cada centímetro de espaço-tempo você está sob a matriz da física. Embora nessa projeção fosse possível atravessar as portas, notei que eu podia reconhecer objetos sem conseguir pega-los, também não era possível sentir a diferença sensacional entre a maçaneta metálica e a porta de madeira. Foi então que percebi que os sonhos vivem dentro do pensamento que pode formar um plano. Mesmo que sonhos estejam sujeitos a lei dos sonhos, que são uma bagunça, muitas vezes ilógicos, duram pouco e não tem nitidez. Lembro que nesse questionei as possibilidades: Afinal eu poderia me teleportar? Eu poderia pegar a velocidade de um jato? Em algum momento eu poderia palpar o mundo real? Eu poderia encontrar algum ser inteligente? Decidi explorar, e mergulhei em direção ao subsolo a 180Km/h rumo ao centro da Terra. Poderia realizar um sonho de infância e chegar ao meio recheado e metálico da esféra planetária. Nesse plano eu poderia dar um mergulho e me divertir sem me preocupar com nada, com nada.
          Retomo que diferente desse sonho a verdade é que a matéria possui uma composição a qual me inclui. Em outras palavras eu sou feito da mesma coisa que as paredes e o chão, e tais circunstâncias eletrônicas semelhantes estão sujeitas às mesmas influências físicas. Existem 118 elementos na Tabela Periódica, cada um é um átomo, o conjunto de átomos forma a matéria, e a verdade é que dentro desse cosmos o planeta é análogo a um aquário preenchido até a borda por átomos. O resto do universo é feito de matéria escura que é resumidamente espaço. É vazio, e não há nada além de gás em chamas, nem direita, nem esquerda, nem cima, nem baixo, nem nada em nenhum horizonte. Se por um lado não há nada no horizonte cósmico, por outro lado, o nosso planeta é uma obra perfeita de matéria atômica. O livro A Gênese do autor Allan Kardec coloca muito bem, no século 19, um estudo da formação do planeta, concluindo que a relação das informações da composição do planeta Terra são uma obra de inteligência. Fato é que ao analisar o que há no planeta Terra e o que há no universo afora, você vai perceber que estamos em um lugar que é tanto rico quanto perfeitamente arquitetado:



          Ele roda a válvula e desliga a água do chuveiro, pega a toalha e vai se vestir. Depois passa na sala e sintoniza a televisão no Jornal News. Segue à cozinha e passa a preparar o miojo de todas as manhãs. Primeiro a panela, segundo a água, terceiro o fogão, quarto o macarrão, e mexer até ficar pronto. Despeja a água, tempera e coloca o macarrão no prato. Vai até à sala onde passam as notícias:
- Guerra na Ucrânia. 2022.

           
Sem conseguir prestar muita atenção, Ciro Korangar come seu miojo pensando a fundo na estrutura do átomo. Recentemente leu o melhor livro da sua vida, Panorama Visto do Centro do Universo escrito por Joel R. Primack e Nancy Ellem Abrams. E assim veio estudando o retrato do átomo ao nível quântico:









          Prato vazio ele vai até a cozinha e joga na louça, pega um copo metálico, enche de suco de uva e toma como um campeão. Ele corre e pega o skate e a mochila, mete o pé na porta e sai pra rua remando, favorecido pela gravidade da ladeira. Segue em sentido ao curso com a calma de um gato velho, fones de ouvido, passa uma brisa fria da manhã, os carros andam preguiçosamente pelas ruas, algumas pessoas praticam esportes, os ônibus cheios de pessoas, e ele enfrenta o asfalto até o centro da cidade. Chega na instituição onde há uma entrada imensa, anda até a sala de aula com o skate embaixo do braço, encontra seu lugar e se senta. Aproveita alguns minutos e dá uma passeada pelo celular:

          Depois reassiste o novo vídeo da primitive DEFINE, onde passa pelos pensamentos:
          - Na parte do Dylan Jaeb as imagens seguem com muita variação das bases. Além de um rolê peculiar o ``andar de Fakie`` expressa o quanto alguém pode desenvolver o próprio nível total através de uma base. Vamos lá que quando ele entra e dá combos de Fakie, você percebe que há fluidez. E a medida que o vídeo passa você percebe que é alguém desenvolto nas quatro bases. A desenvoltura. Taí o que faz o repertório do Dylan tão numérico. Então eu me pergunto ``Por que eu não me amarro de Fakie?``

          O professor de Química, Bolt Edwin, entra em sala e coloca seus livros em cima da mesa. Inicia a aula fazendo uma retrospectiva:
          - Originalmente a Química era uma pseudo ciência chamada Alquimia. No antigo Egito havia um início Alquímico, o que perdurou até a idade média. Em datas próximas ao segundo e terceiro século depois de Cristo, alguns estudiosos deixaram escritos de Alquimia com o pseudônimo de Hermes Trismegisto. Esse era o nome de um mitológico Deus Egípcio e em meio a esses escritos encontraram uma Tabela de Elementos cujo formato parece com o da Tabela Periódica que temos hoje. Em homenagem a esse início da ciência deram o nome Hermético aos potes que vedam o oxigênio.
          A Alquimia focava em 4 elementos: Água, ar, terra e fogo. E também acreditava na existência da Pedra Filosofal que seria capaz de transmutar a matéria. E assim seguem 18 séculos.
          O professor pega o livro do autor Luca Novelli chamado Lavoisier e O Mistério do Quinto Elemento e narra à classe:
          - ''Antoine-Laurent Lavoisier nasce naquele que é definido como o Século das Luzes, quer dizer, luzes da razão que, muito lentamente, vão iluminando o obscurantismo dos séculos precedentes. A Alquimia não tem mais nada a ver com a magia ou a bruxaria. Agora chama-se Química, mas ainda não é a ciência que conhecemos. Até os cientistas mais sérios têm ideias muito confusas sobre a natureza da matéria. Muitos ainda crêem na transmutação, ou seja, na possibilidade de transformação de um elemento em outro: por exemplo, do chumbo em ouro. Outros ainda não renunciaram a procura da pedra filosofal ou do elixir da longa vida. Outros mais, por sua vez, crêem na existência de um princípio vital no ar capaz de restituir a vida às criaturas mortas.
          Serão precisamente os ``ares`` (ou gases) que revelarão a Lavoisier muitos segredos da natureza. As suas descobertas abrirão as portas de um futuro que os alquimistas não tinham sequer imaginado.          Lavoisier nasce no dia 26 de agosto de 1743 em Paris. Ele é considerado o pai da química. Foi Lavoisier quem deu nome ao Oxigênio e quem descobriu seu papel na respiração dos seres vivos. Foi Lavoisier quem retirou o véu do mistério que pairava nos laboratórios dos últimos alquimistas. Foi Lavoisier quem resolveu o enigma do arredio, elemento chamado flogisto.''

        
Bolt Edwin prossegue falando:
        - A primeira coisa que você imagina quando escuta a palavra ''Ácido'' é algo que corrói, né? Ácido é um líquido que possui eletricidade. 
        
Imagine que um copo de água é composto por milhares e milhares de átomos, não é possível ver um único átomo, embora quando os átomos se unem formam uma única substância que é visível, a água é composta por 3 átomos e é um incrível mineral líquido: 


Minerais são compostos químicos. Compostos são substâncias formados com mais de um elemento. Dois ou mais átomos que formam um material.

Agora pegue a Tabela Periódica e observe que cada Elemento nela é um átomo. Entenda que de um elemento a outro a diferença em suas identidades está na variação dos atributos.



          No estudo da composição do Ácido:

Se a substância de Bromo com Hidrogênio: HBr
Entrar na água: H2O
Acontece uma reação química dada pela fórmula: 

HBr + H2O -> H3O + Br

          A reação da mistura dos átomos não está completa nessa fórmula. Mas é visível que o Hidrogênio saiu do Bromo e foi para a molécula de água.
          As moléculas ficam ligadas pelas áreas eletromagnéticas dos átomos, então quando os átomos se desprendem os elétrons passam entre eles. Assim a fórmula completa é: 

HBr + H2O -> H3O+ + Br

          Quando o Hidrogênio sai do Bromo ele deixa seu elétron e sai eletricamente positivo. E o Bromo com um elétron a mais fica eletricamente negativo. A nova substância é um ácido eletricamente carregado. 






          Tudo que perde elétron ou ganha elétron é chamado de íon que se classificam em dois:
Ânions – São os átomos que ficam Negativos.
Cátions – São os átomos que ficam Positivos.

         
 O professor faz uma pequena pausa e vai buscar um refresco. Enquanto isso Ciro começa a refletir:
          - O interessante é que não é algo imaginável. Não é tão fácil e digamos que um copo de líquido tem tanta informação atômica que não cabe na consciência. A consciência não concebe uma palavra, a consciência não concebe um copo líquido. Se for calcular em um cronômetro: Quanto tempo a mente leva pra entender uma palavra? (Íon, Cátion, Ânion, Eletrolítico, Barion, Hádron, Quark). Se diante da informação você tem naturalmente potencial no olhar, o que nos leva a não entender nada? 
          Sei que quando você tem amor por algo, você dá o máximo de energia e é o que resulta no humano compreendendo. Fato é que eu não olho pra um refrigerante com consciência, honestamente eu olho sem me dar conta da quantidade de informação.
          
O Skate é muito importante pra mim. Mas eu imagino uma Escala de Importância e coloco do primeiro ao centésimo lugar aquilo que se encaixa ao mérito da posição. E por Deus em que posição eu coloco a preocupação com a minha capacidade de compreensão? Em outras palavras, o quão complexo pode ser um refrigerante? 



          O professor Bolt Edwin retorna falando:
          
- O conjunto de um átomo de Oxigênio e um átomo de Hidrogênio é chamado de Hidroxila (-OH). A Hidroxila entra nas fórmulas químicas no final, com o nome de ``Ol`` como é notável no Álco[ol]. Seguindo esse princípio imagine uma garrafa de Gin, uma de Whisky, e uma de Vinho. Todas essas bebidas são compostas com moléculas de hidroxíla -OH. Se álcool é a molécula de hidrogênio com oxigênio, talvez seja o próprio oxigênio que configure o estado de chapado.





          O estudo da Base de Arrhenius possui a Hidroxila (-OH) e segue o mesmo sentido:
Uma substância de Lítio e Hidroxila: LiOH
Uma substância de água: H2O

LiOH + H2O -> ?
LiOH + H2O -> Li+ + 2OH

O Lítio deixa seu elétron e passa positivo.
A Hidroxila absorve o elétron e passa negativa.
Perceba que a água é originalmente: H2O, H2O, H2O.
Nessa fórmula é configurada pela Hidroxila: 2OH, 2OH, 2OH.
A nova substância é eletricamente carregada com 2OH e Li+
E essa é uma Base de Arrhenius que é eletrolítica.

          No estudo de Ácido e Base, Arrhenius descobriu que quando se une as duas substâncias elas se neutralizam e se transformam em Água e Sal. 

Misto
(Ácido H3O+ + Br) + (Base OH + Li+) -> 2 H2O + LiBr

Água e Sal. 

          Esse foi o Tcc de Doutorado do Químico Svante Arrhenius que estudou a eletricidade dos líquidos. Ele foi um dos principais cientistas do século XX. E você acabou de ler o trabalho de uma vida.



          Se entrássemos em Bioquímica, no estudo da Química na alimentação, passaríamos pela decepção de descobrir que a glicose não é eletrolítica. Sei que imaginamos que ao comer um caramelo vamos sair correndo que vira tudo energia. Mas a glicose não conduz eletricidade. Os processos Biológicos se dão em um dominó Químico dentro do organismo, ao ingerir a glicose ela passa por várias etapas até ser reservada dentro da célula como ATP. Você precisaria ver as fórmulas e as transformações, mas em resumo a molécula de ATP precisa se transformar em ADP (Adenosina Difosfato). E então a molécula de ADP aquece em uma queima química e finalmente vira energia.
          Perceba que o estranho disso tudo é que, se não fosse assim e não houvessem as etapas, ao ingerir um caramelo e a queima da glicose se desse imediatamente, você em si não teria tempo de existir. Percebe que quanto mais complexa uma reação química, mais tempo você ganha? É como se as informações se justificassem na matriz existencial, assim a informação dá ao tempo cada vez mais propósito.


         
          Por fim o professor cita a narrativa do livro - Mendeleev, Dmitrij Ivanovic (1834-1907) Químico Russo. Descobriu que, ordenando os Elementos segundo o peso dos seus átomos, revelava-se, claramente, certa periodicidade, ou seja, um ritmo. 


          Ao fim da aula em um almejado colégio onde quem estuda tem o futuro garantido. Ciro Korangar sai da sala pensando em Alquimia, e pensa a respeito da Pedra Filosofal, por que ela era tão procurada na idade média? Sobe pra casa andando com o skate embaixo do braço, enquanto da asas à imaginação montando uma divagação do que seria o sonho do século XV nos dias atuais: 

          - A palavra ``rico`` não é suficiente para me definir. Digamos que há riquezas que são indefiníveis e eventualmente a minha influência sobre a matéria me coloca a nível sublime. Depois de muito estudo e reiterados experimentos consegui obter um cristal que é capaz de emitir luz sobre a matéria e a configura no que eu desejar. Consegui forjar A Pedra Filosofal, e agora eu posso transformar terra em ouro. A partir disso seguirei um plano, vou primeiro trocar alguns quilogramas de ouro em algumas centenas de milhares de reais, compro uma casa com um terreno no fundo muito extenso. Essa localidade terá um escritório e uma pista de skate, além de um laboratório de fortunas e deste ponto em diante o céu é o limite. Eu poderia converter terra em um avião! Embora meu desejo não possua todas as informações necessárias de um avião. Dentro da carcaça metálica há uma infinidade de engenharias mecânicas, além de que detalhes nessa grandiosidade precisam ser perfeitos. São fatores que limitam a Pedra Filosofal. Eu ainda posso comprar um avião tendo afinal uma fonte inesgotável de ouro.
          Ao longo dessa história a Pedra Filosofal tem me provado que eu sou uma formiga, entre formigas, em um formigueiro, e penso como uma formiga. Não dá nem mesmo pra materializar um Skate de uma vez, tenho que fazer peça por peça e depois montar. Tudo me convence de que a matéria elementar nesse planeta Terra é tão trabalhada e organizada que é isso que tem valor. Sabe que metais não me valem tanto, embora na forma de avião sim. Converter a matéria passa a exigir muita inteligência, realizar os próprios desejos em si te provam seu próprio nível. Afinal nada é simplesmente puro, a inteligência é algo profundo. Nesse sentido a Pedra Filosofal fica mais útil quanto mais inteligência há sobre ela, mais inteligência, mais alcance.

          -Chegando em casa ele joga o skate ao lado do sofá, vai à cozinha e prepara uma refeição. Volta e liga o jornal no televisor, senta-se e come em silêncio. Sem pensar muito, troca de roupa, pega o skate e sai à rua remando. Faz um quilometro em sentido a uma casa de shows abandonada. Há algum tempo atrás, Korangar passou pelo lugar, invadiu e deu umas voltas até aparecer um segurança. Eles conversaram e Ciro conseguiu convence-lo a deixar andar de skate ali. O segurança não imaginava que o jovem era tão persistente, afinal ele aparecia todos os dias, sem falta e por meses. Diante da intensidade esportiva do jovem o segurança se viu convencido de que era algo sério, e deu uma permissão definitiva ao skatista emprestando as chaves da entrada.
          A sessão de skate era diária, era um galpão do tamanho de uma quadra com chão liso e teto, tinha um palco de 1,5m de altura e uma saída de escadinha. Ao longo do tempo ele colocou dois caixotes e foi montando uma pistinha. A diferença era notável, a tarde ele não esperava mais o sol, aproveitava aquele tempo e andava de skate. Chegava depois do meio dia, tirava uma listinha do bolso com todas as manobras que queria deixar na base. Fazia uma sessão e depois separava algumas horas pra aprender manobra nova. Por fim ele faz umas linhas em um circuito muito acima do nível natural.
          As sessões no galpão eram rotineiras e mesmo esgotado ele iria até lá. Mesmo que fosse pra deitar no chão e dormir na pista. A verdade é que a vontade era maior que as próprias energias. Andava a tarde até a luz do sol baixar, o galpão escurecia, era quando ele fechava e ia andar na pista pública.
          Um belo dia estava em uma sessão nos caixotes do galpão, em um silêncio que faz do skater um tubarão embaixo da água. Quando por um momento ele vê uma menina na porta de entrada, de cabelos brancos e vestido branco. Ele vai até ela que estava muito preocupada com algo. Conversaram um pouco e ela pediu para acompanha-la. Ele a seguiu sem pensar muito.
          Ciro Korangar nunca mais foi visto. E o galpão permanecesse lá abandonado. As pessoas que passam pelo local ainda afirmam ouvir barulhos de skate, mesmo sem ninguém.


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