6 de jan. de 2018

A vela na arquibancada



A cerca de 10 anos atrás na pista pública aqui da cidade havia apenas dois caixotes, um de dez centímetros de altura e outro de um metro, ou seja, um bem alto e um que básicamente só servia de manual, não pra grinds muito menos slides...
Entretanto, ainda há uma arquibancada de granilite tão bem feita que devia custar aí um percentual gordo do total preço da pista gasto pela prefeitura. Esta foi devidamente encerada na vela devido a altura perfeita do primeiro degrau de quarenta centímetros, uma borda sem entrada ou saída, isto é, havia vela no pedaço do meio da arquibancada, portanto, dar out era possível só no ollie.

Com o tempo esse pedaço da arquibancada a princípio de borda quadrada fora arredondando, talvez aí de maneira que os slides em especial fossem arrancados pelo deslize arredondado e os grinds em borda arredonda se assemelharem a um corrimão em uma borda que nessa era de concreto granite.
Poucos se aventuraram a passar vela no resto daquela arquibancada de quatro degraus e talvez aí vinte metros de cumprimento. Alguns por vezes encararam a borda crua com vela rescente fora do ponto de conforto, como o lendário Radar primeiro e talvez até o momento único skater a se profissionalizar no skateboard partindo dessa cidade. Ele voltou algumas vezes tricks na borda do segundo degrau do canto over the gran quenia, e no pedaço final do primeiro degrau na saída por cima de um pico de grama.
Alguns outros passaram vela em pontos do segundo degrau dando tricks como na praça da sé, em cima de um degrau pra outro degrau, em alguns dias de empolgação ou o desafio momentaneamente focado.

A verdade é que o tempo venceu a falta de tentativas e o tempo passou, a borda se manteve arredondada e sem vela, o resto da arquibancada não foi encerado ou desbravado e depois de muito tempo eu e os amadores Felipe Sor e Diego Gigante fizemos um caixote de concreto, lembro até hoje dos blocos de concretos caríssimos de dois reais cada, as estacas de ferro, cimento e uma caríssima cantoneira de oitenta pila!
O caixonte não ficou muito bom, ficou talvez aí curto e nem muito fixo no solo, talvez nem mesmo linear, mas tá lá até hoje.
É possível que a existência desse caixote tenha sido apoio no desencorajar da mulecada a encarar uma arquibancada sólida, isto é, apenas passar vela e andar, e passar vela novamente e andar, assim a vela iria ficar marcada e o resto do primeiro degrau da arquibancada seria hoje um obstáculo a mais, uma forma de experiência a mais (pesada em outs), e seria uma evidente concordância entre todos os que a usarem no manter em vela e marcas de truck, quero dizer, pra fazer um obstáculo não custam muitas pessoas, pra manter um obstáculo custa um devido apoio de mais gente e pra evoluir é preciso ter uma visão de avanço no skateboard que sobressaía ao deleite, contudo, um pensamento de do it yourself coletivo que na maioria das vezes não custa em dinheiro muito mais que dois refrigerantes, seja em massa plástica, vela ou tinta.

Andar de skate é sempre bom, evolução melhor ainda, portanto, visão de progresso podem estar certa e simplesmente em mão na massa e colaboração!