8 de ago. de 2019

Pânico em uma cidade pequena!



Uma certa vez eu e o Lorrane combinamos pelo Msn de ir pra Medianeira. Era uma sexta feira, a gente partiria na manhã de sábado e voltaria no final de domingo.

Sábado, sete horas da manhã já levantei objetivado! Peguei a mochilinha, sai remando até a rodoviária na esquina e peguei o primeiro ônibus pra Medianeira; 12Reais e cinquenta minutos. Chegando em MediCity, só com o combinado, afinal, naquela época não era tão comum ter celular. Encontrei os meninos na pista e passando algum tempo, chega o Lorrane de Cascavel. O Madruga rapidamente improvisa um rap de comemoração ``Lorrane rane sem money! Por aqui! Lorrane rane sem money! Tá aqui!``. Muita Troca de ideia daqueles que apesar de viverem em distância de cidades, parecem se conhecer como amigos de todos os dias; Um pouco de skateboard; Clássico pão com presunto e queijo com petróleo engarrafado!

Afazeres planejados de maneira simplória, afinal a viajem era desobjetivada e a questão plenamente sugestiva; ``Vamos na balada!`` Sugeri; ``Tem uma escada numa escola, perfeita!`` Bruno conta; ``Queria uma pizza, pode ser a noite`` Diz Lorrane; ``Lorrane rane sem money! Money sem lorrane rane sem money...`` Madruga volta ao freestyle...

Plano feito, ficar na casa do madruga; Pizza a noite; comprar os ingressos da balada; conhecer a escada da escola, afinal, eram os dezesseis anos e o corre é louco.
Partiu deixar as bagagens na casa do Madruga. junto com o Lorrane-Rane-sem-Money (maldição de rap viciante).

Saímos a almoçar um lanche em um pico que as gatas eram como água e, transbordava por ali! MediCity! Brilhava contornos e rebolados, ou melhor, o paraíso das gatas!... Algumas cantadas; uma gangue de skaters; uns raps sobre o lorrane-rane-sem-money; e uns passeios nas lojas estilão topete pra cima e ``sou um skater profissional``.

Passamos em uma revenda de turismo e compramos três ingressos, Lorrane, eu, Madruga e o Bruno tinha um outro plano: Como ele conhecia a casa de show e tava sem dinheiro no momento, sabia que lá era uma balada instalada no meio do nada; logo, se você desse a volta no lugar, a parte de trás era defendida por um laguinho e árvores, e vencendo o laguinho, era entrada sorrateira e invisível! Talvez o plano não tenha sido tão bem planejado, ou talvez, tão mal planejado que não parecia nenhum problema...

Após rolês e conversas, partimos à escolinha conhecer a escada; Procedimento comum: Jogar o skate, pular o muro e cuidar pra ninguém ver... Pico escolar, bancos e palcos, skatando todo os lados, quadra de esportes e uma escadinha chave de uns cinco degraus. Ali a questão foi tranquila, fazer uns solos, esquecer dos problemas e dar uns flips na escada. O Bruno voltou um 3flip (Uma marca assinada dele) e dei tipicamente um nollie; Naquela época as skate plazas eram muito raras no Brasil e, você não encontrava escadas legais pra treinar; A gente encontrava um gap qualquer e tentava mil vezes, não havia aquele com base boa ne escadaria como hoje é possível.

Após alguns flips de skaters corajosos nos degraus do palco; Alguns games of skateboarding; Lorrane-Rane intimida com sua base de laser flip; ficamos por ali, ainda em sombra, enrolamos a tarde e... Surpreendentemente! Não menos do que clássico! Sem pensar demais! Mais uma vez... Pedimos um petróleo engarrafado da geladeira do posto abastecida pela petrolifera cujo nome me recuso a pronunciar!... Deixo a adivinhar... Quem busca?

``Game of skate!`` é unânime a tomada de decisão pela batalha que objetiva a premiação. Há má intenção nos olhos dos sujeitos; manobras escondidas nas mangas; rivalidade a se resolver em tricks; determinação nos olhos dos switeros; Roubo de letras e cross foot; Pressão psicologica na cabeça do adversário; regras novas pras cinco letras; Bruno contra mim e, madruga é desafiado pelo fruto de sua inspiração... Rane, rane, sem money... Lorrane!

Depois do madruga buscar a coca, esquematizamos os horários: A gente sai quando começar a escurecer; Segue diretamente pro chuveiro; pede a pizza já pronto; Postura de patrocinado, topete em baixo do cap... Calabresa e nada menos? Saímos...

Por incrível que pareça a casa do madruga fica a uns kilometros do centro, onde estávamos. Após um caminho torturoso, chegamos e conhecemos a família toda. Nos deparamos com surpreendente carinho, camas arrumadas, lençóis e travesseiros bonitos e privacidade entre colchões. Sem safadeza, mas eu não gostaria de dormir abraçado com o lorrane... Até porque... Ele não faz meu tipo.

''...Então mano a questão é a seguinte: Vai ser de frango com catupiry!`` Afirmo o meu automatismo jovial de quem desconhece bacon com alho ou lombo com requeijão.
''Ok... Vocês decidem. Mas, vai ter calabresa!`` Diz o que quer sem querer, seu Madruga.
Não surpreendentemente Lorrane não deseja nada diferente e conta``A gente faz um lanche regado de calabresa na lanchonete que eu trampo. A calabresa rende muito e tá barata no mercado, bora pedir!``.
Três martelinhos em um mesmo objetivo e... bora chamar o Bruno!... Eu ligo já colocando o desespero! ''Ae B, só chegar! Pizza de calabresa e frango com catupiry a caminho. Madruga já partiu pro chuveiro e depois da pizza, só foi!``

Todos prontos e a pizza chega, mas, o Bruno não... Comer ou não comer? Passou pela cabeça, mas não impediu jovens famintos frente a cheease com carne. Começamos a pegar os pedaços, na calçada de casa, pizza destampada e histórias de boca cheia. Bruno chega, vestindo uma camiseta da Nike, senão me engano, aquela que ele nem bota na lixa, sabe qual é?... Comeu a vontade as fatias restantes daquela espécie de pizza Gigantesca, da época em que a borda com recheio era uma parte separada e, a gigante umas 59polegadas.

Partimos, de skate, pra balada! Pranchinhas na rua, remadas em slow motion e slides de leve. Nada de ollie ou fazer alguma graça, afinal, dá até pra ignorar sujerinha na calça, só que não braço ralado!... E fizemos a rua do Madruga, descida, em uma cidade de morros, altos e baixos. Passamos algumas quadras em linha reta até chegar na pista de skate... Seguimos reto pela canaleta da rua, luzes noturnas e vias vazias, quebrando dentro de umas quadras à esquina do centro até chegar na escola... ``Vamos deixar os skates aí?`` questiona o Lorrane... (rane, rane, sem money)... ``Eu pulo, aí vocês jogam os skates e lá eu escondo. Beleza?`` Bruno responde. Em seguida toma distância, faz uma pequena pausa, passos rápidos e largos, pé na parede e mão no cooping! Sobe o muro e pula do outro lado: ``Manda os skates!`` ordena.
Quatro skates nos ares, uma chuva perigosa, trucks de aço e tábuas farpadas. Talvez o pior medo fosse desmaiar o Buno, sem querer e de uma vez!... Mas, o menino é ágil, tem pernas alongadas, corre rápido... Se fosse um lagarto, talvez ficasse estacionado esperando algum sinal dos céus, mas não, era o Bolt fora do skateboard.

A gente esperara ali, enquanto ele escondia os skates...
``Não tem perigo de alguém roubar?`` A gente questiona;
Bruno responde ``Mano! O lugar que eu escondi não é nem esse que se você não souber cê acha... Ta ligado?``
...``Pelo jeito o meliante reiterava suas invasões e voltas à escola``;... pensamento solto!...

Andando, andando e, andando... Continuamos fazendo as quadras de Medianera, guiados pelo Madruga fazendo uns freestyle do ``Lorrane-Rane-Sem-Money é um péssimo streetero! Lorrane-rane-sem-money aqui eu boto o desespero!``; Até chegarmos a uma parte da city perto da 277, Br do Paraná.
A casa de show Aruba traz a ideia de Oasis, um paraíso no meio do nada; fica perto da Br e, tem muitos lagos; Chegamos.

``Esqueci a identidade, puta que pariu!`` surpreende Madruga e continua ``Não é assim. Vou ligar pra alguém trazer!`` Faz uma ligação afim de meter a pressão! Pânico in the house! ``Então mãe, tem como trazer... Por favor?!``
Desliga e conta que alguém vai vir, a gente senta em uma mureta e redebate a questão que... Não por menos!... Surpreendentemente!... Não o que, mas, quem!... Chorume em petróleo, açucarado e cinco copinhos?... ''Tenho dois pila!``...
Lorrane-rane-sem-money trouxe o açúcar derretido em bebida com gás. A questão é tão comum que se repete: bochechos, xarope com gás e troca de papos em tom de comemoração ``Orra! Teve uma vez que...``

Chega uma scooter branca de farol baixo, um ar de decepção. A mãe do madrugada dá uma bronca nele ``Não faz isso de novo filho! Não esquece!`` e a gente segue... Até à entrada da balada-café-aruba onde nos despedimos do Bruno; Relembra o plano: Na parte de trás há um laguinho; o laguinho ficava do lado da parte descoberta da balada; o laguinho possuia um ``meio fio`` uma ``cantoneira``; a gente chega na parte descoberta e faz um montinho, o Bruno passa o laguinho pela cantoneira e entra no montinho, invisível no estilão gratuito.
Esperamos e trocamos ideias na fila, passamos pela revista, ``O segurança pegou no meu íntimo`` e entramos na balada! Bêbados em todos os cantos, gatas e rebolados! DJ, músicas com technos em combo, golpes de luz pra todos os lados, um bar de garrafas caras, outro de cervejas e parece que o nome de hoje é ``aloha``. Chegamos na parte descoberta e fazemos sinal a uns olhos brilhantes em fundo preto e arborizado; B, experiente, toma impulso e passa rápido pela cantoneira entre o laguinho e a estrutura da balada, sobe a varanda e se mistura na algazarra, turminha skateboard; Mais dois jovens surreais aproveitam o momento e sobem rápido pelo mesmo pico.

Trocamos umas ideias, balançamos algumas danças, idade pra beber e vaquinha pros bares; ``Bora pegar uma garrafa de vodka!`` eu, o-nenhum-gênio; ``Isso é muito caro aqui`` brinca B, pós criminalmente invadir o estabelecimento; ``Orra piazada, bora pegar alguma coisa! vocês não colabora`` diz Sir Madrugada memória-de-elefante.
''Então umas cervejas`` afirmo em tom de quem pede lealdade!... Só foi!...

Entretanto a organização do Café-Badalada-Aruba vendia bebidas por tickets, onde se compra primeiro uma ficha e depois pega o alcóol engarrafado, ou, enlatado. Segue Lorrane-Rane, eu e B, chegamos na cabine dos tickets: ``Vou pegar um Ar da montanha! Eu acho...!`` Bruno se questiona, pensa alto, decide e pede. Algumas fichas de cerveja e seguimos ao bar! Postura de skater de férias do Xis Games e penteado lindão, rosto pra cima, ar de terror das gatas e... Passo as fichas, pego a cevada industrializada em líquido e sigo à turminha bolada skateboard... ``Aqui, seus fracos!`` pondo susto, tem que meter o pânico, nesses meninos skateboarders.
Satisfação total, as luzes distribuídas em inúmeros globos giratórios; Rebolados e rebolados de garotas em mini vestidos no dia do Aloha; Os golpes de luzes parecem desfrutar dos quadris em dança; uma noite colorida e sensual!...

``Cadê o Bruno?`` questiona o Lorrane...``Foi pegar Ar-da-Montanha, perto de alguma nuvem`` respondo-o; Vamos atrás em questionamento pessoal: Alguém já tomou o ar de uma montanha? Ele é engarrafado por algum índigo?; Procuramos um pouco e o encontramos conversando com o bar-men, ou melhor, ouvindo instruções: - ``Essa bebida é assim: vou colocar um pouco no copo, aí você tapa batendo a mão! Espera um pouco e bebe!``
Ele afirma ter entendido enquanto o sujeito preparava o Drink. Fora servido no copo e no momento da mágica, tapar com a mão, Bruno disfere uma pancada que o ultrapassa; soco no balcão! Copo em cacos! Drink de mais de dez, rapaz!; e o momento depressão o captura, as lágrimas vem nos olhos e as mãos tapam a cabeça; imagine desejar voltar no tempo e a tristeza por não conseguir, enquanto sente uma vergonha pessoal onde a força do tapa fez do gole das montanhas fragmentos de vidro.
''Não vou nem zoar, vamos pegar uma cerveja! Vem!`` arrasta o Bruno, Madruga seu amigo de todos os dias. Enquanto isso a gente permanece com satisfação no olhar, rebolados e rebolados, noite do Aloha...

Depois de algumas cervas, talvez muitas, aparece alguma bebida surreal trazida por algum alien; B oferece ``Bebe isso aqui men!``; Algo semelhante ao corrosivo com morango de cor indeterminada e em vidro de vodka; ``Eu não. Da onde veio isso? Isso aí apaga!...`` Lorrane rane comumente pensava duas ou mais vezes; ``Isso aí é coisa de Alien, que nem lagartos, que Aliens são`` digo; ``Lagartos são aliens?`` - Lorrane-rane; ``Igual os cavalos, men!``; ``Agora os cavalos também são aliens?`` Madruga; ''Os cachorros, por exemplo, você acha que foram feitos em laboratório?`` ué?; Ficamos muito bêbados com a bebida corrosiva de ozônio, quase não dá pra ficar em pé; Voltar!

Madrugada, decisão tomada, todos saem cambaleando rumo a uma trajetória gigantesca até os skates. Não dá pra aguentar mais; São alguns kilometros por dentro das quadras ao lado da Br 277; Andamos, andamos e andamos... Com o passar do tempo as pernas sentem a sensação do cansaço, passa algum tempo e tornam-se o próprio cansaço... Mais algum tempo e... as pernas sentem-se como carvão, prontas para despedaçar, só que são pernas!... Continuamos a andar...

``Lorrane rane sem money nunca teve fama! Por isso que lorrane rane vive sem grana! Lorrane rane entorna o caudo de cana! Lorrane sem money, money, tá na trama!`` e os raps extrapolam a criatividade ao estilo quase livre (aprisionado, ao crack que é rimar lorrane com rane-money)... Com a empolgação o B solta umas cantorias, canta as músicas que vem na cabeça, brinca demais e tira a roupa; Corre na rua de cueca; De repente olho pra trás e lorrane também ta correndo de cueca; Estávamos só descendo uma rua a pé, por que os dois tiraram a roupa?; Cantam e andam abraçados entre piadas de bêbado e risos de euforia.

Não participamos da brincadeira calorosa até passar na frente de uma mecânica: Bruno reconhece um carro na frente da mecânica e diz ``tá aberto, se liga, chega aí!`` Se aproxima do carro, olha sobre os vidros, coloca a mão na maçaneta e naturalmente abre a porta! ``Tá aberto!`` empolga os ratos de rua; Aproximamos do carro e ele ficou procurando alguma chave, sem sucesso. ``Entra aí, só soltar o freio de mão`` B diz, dentro de um carro, frente uma mecânica, chão de cascalinho em uma rua vertical asfaltada. Entramos!... B, soltou o freio de mão, girou o volante pros lados e a engenharia de lata velha sobre rodas sai do lugar... Um kilometro por hora... Dois kilometros por hora... Pânico!... Três kilometros por hora... Vai saindo da mecânica cujo chão é de cascalinho, entrando na rua... Aí já era quase uns 4, talvez 5kilometros por hora... Entra na rua e atinge uma dinâmica descida de alucinantes zigue zagues a uns 10kilometros por hora!

Skates são mais velozes do que carros desligados, imagino. Em uma rua de vinte metros, um board pega indeterminados kilometros por hora e atravessa num instante! Essa lataria? Parece um avião sem asas em um aeroporto sem luzes... Fim da descida, pernas de carvão, só tristeza.

Bruno aproveita e pega o extintor de incêndio antes de descer; surpresa! Pinta os ares de branco; ataca seu madruga à distância; pinta os vidros da lata-chama-veículo de branco e fim. Do extintor... Risos por todas os lados! dois sujeitos de cueca na rua! um carro estaciobandonado! Algum bolor e alguma culpa!... Deixamos os passos um pouco mais rápidos e saímos de perto de qualquer prova de crime.

O Lorrane e o Bruno ficaram bastante tempo de samba canção na rua; talvez nós fizemos um rastro tão extridente de risos e barulho que a coisa era alarmante; ``Se acharem o carro, acham a gente!`` Lorrane e eu; ``A escola tá chegando`` B; e quebramos poucas quadras até os muros do esconderijo dos skates.

Agora os dois vestidos, Bruno pula rápido o muro seguido de Lorrane e Madruga. Todos foram buscar os skates; fiquei do lado de fora, pernas em brasa sobre uma calçada de grama (``quase uma cama``); e eles gritam de dentro da escola feito quem se distanciou na escuridão e agora só no chamado!; ``Porra Bruno, depois de amanhã é segunda, onde você escondeu essa porra?`` Madruga.

Os skates engancham no muro, skaters surgem em movimentos de fuga rápida e algumas reclamações: ``Esse lugar que ele escondeu, não dá pra entender nada! Fica entre o teto e o forro, do lado da puta-que-pariu`` Madruga não economiza adjetivos...

Prosseguimos subindo uma rua ao lado da escola, agora com skates em baixo do braço, a poucos quarteirões do centro. Andamos um pouco e chegamos na avenida vizinha da avenida principal; e unânimamente pedimos pra descansar; muretas de lojinhas e sentar parece reviver as pernas.
B começa a dar uns flips na rua, muito pilhado, ultra bêbado. ``Você não volta um flip? Aposto que não volta um kick! Pago a coca!`` desafia madruga; Bruno enfurece e tenta mais um flip, e mais um, e mais um, sem sucesso e desiste; posiciona a postura de um treeflip e... volta! Chavoso em uma primeira!
Não é atoa, porque o menino é bem treinado! Houve um campeonato uma vez em que no fim das voltas, muitos skaters subiam no gap e tentavam finalizar com uma trick de giro! Naquele dia, em uma final e, no final da volta do Bruno ele subiu no gap, deu uma remada e voltou um treeflip que colou no vento! Primeiro lugar.

Lá no meio da rua continuou a tentar seus flips barulhentos e sem acertar nenhum, até que... *tau*...um estralo com som de bala de arma de fogo atravessa a rua!
Foi tiro? não foi! Foi tiro? não foi? Foi tiro? não foi! o diálogo do momento e...
*tau*... *tau*... *tau*... ... ... ... *tau*
Muitos e muitos tiros cortam a rua em som notavelmente horizontal!
Em uma cena sentíamos a graça dos tropeções dos flips e na outra corríamos sem fôlego ou forças; em fila pela calçada até curvar a quadra, e corremos até a avenida Brasil onde ouve questões e certezas: Era tiro, mas, era pra acertar?
Voltamos a correr...

Fizemos a av principal em reta até chegar na extremidade, a pista de skate. Por volta das cinco horas da manhã e sensação de estar em casa. Deitamos e dormimos, naturalmente, entre os caixotes e meio escondidos.
Algum tempo depois o sol nasce, brilhando à visão dos adormecidos, obrigando que os carvões saíssem das cinzas e voltassem a andar (``porra de... vida?``). Nos despedimos do Bruno que morava em um outro sentido da casa do Madruga, onde mesmo poucas quadras pareciam trazer as dores nas pernas de peixes da terra do nunca!
Chegamos! A visão de camas arrumadas e sonos rosados! Deitar e dormir.

Descrever o que é encontrar uma cama no fim de um dia cansativo, skateboard, caça as gatas, correr pela vida e, estacionar um carro torto bem no meio da rua. É dormir que nem bebê, sentir que o despedaçar dos músculos relaxaram e voltaram pro lugar; Dar vez pra sonhar com viagens ao polo norte ou procurar o coelho da páscoa; navegar nas nuvens ou voltar e buscar aquele ar de alguma montanha.
A noite passou e acordamos no quarto do madruga; uma cama de solteiro com uma cama-gaveta-rolante em baixo, outro colchão no pé do quarto; uma estante de prateleiras e objetos, peças, bonés e ursinhos velhos; Um computador ao lado da janela e estávamos em uns lençóis coloridos.

Levantamos e dobramos tudo, em seguida nos deparamos com um churrasco em família no quintal do Madruga! Surpresa! A família desse cara é enorme, é gente pra caramba! Pra não falar do quintal, que é tão grande que tem piscina e churrasqueira!
Enturmamos com os velhos, ou, os mais velhos; velinhos, tios e tias; Uma questão de gerações e marcas do tempo... Churrasco de café da manhã no meio dia recompensa o dia de ontem, enquanto Madruga se explica um pouco aos pais dele; Lorrane se encontra conversando com algum tio que quer ouvir a história da noite passada.

Churrascos de ressaca tem gosto de torrada com ânsia de vômito; os cheiros sempre lembram algum limão líquido da indústria e parece que morder uma carne é morder algo sem gosto. Contamos algumas histórias aos tios, talvez no estilão (``eu sei que não dá pra entender, mas é isso mesmo``): Aí ficamos brincando com o Bruno e ele deu um Treeflip de primeira!
E pouco após o meio dia, perto das treze horas, seguimos até a rodoviária pegar as passagens e retornar. Eu peguei uma pra Foz do Iguaçu e Lorrane a Cascavel (city dos ventos). Enquanto esperavamos, lágrimas nos olhos do Madruga ao se despedir dos frutos da sua inspiração e diz ``lorrane-rane-sem-money eu sei que eu tenho que parar com isso! Boa viagem, até a próxima!`` (sim, muitas)... ``Eros, chama o Diego Gigante da próxima!`` (sim, ou sim?) ``claro! esse cara eu rapto!`` (Chokar ele contra uma dessa!) exclamo!

Ônibus chega, três citys, três skaters amigos, postura de esperado skater brilhando no globo esporte e só foi... Cada um para o seu lado da Br 277, destino: Casa; domingo; pista pública de skate!



ps: Montar um conto, contando uma história pessoal de skateboard foi a ideia onde os skaters escrevem e contam suas histórias. Conte a sua! Publique em algum lugar! Isso é cultura skateboard!

pps: Ando sem internet...