24 de fev. de 2020

Dex



Dexter mais uma vez, arruma a mochila, termina de beber o chá quente, leão, pega as chaves, metálicas!... Sai pela porta e direciona-se ao ponto, esperar o ônibus. Alguns pensamentos pessoais, algumas conexões desconexas, algumas ideias fixas - ``Meu nível de skateboar tá travado faz tempo. Aliás, há tempos que não aprendo manobras novas, aliás volto só manobras velhas, quando não ficaram na base parecem sempre uma primeira vez. Volto manobras difíceis e não fico feliz, tenho sensações de atraso, não é bom.

A sensação de ver um primeiro Flip dar certo é surreal, o esforço torna-se realidade, como mergulhar em uma piscina de prazer e gritar de maneira imcompreensível. Soluções, contudo, agora, abraçar um nível alto de skateboard; Flips em cima da grama não são mais encantadores.

De outra maneira, hoje, se eu pudesse voltar ao passado e montar todo o meu tempo novamente eu montaria outro nível de skateboard, aliás, colocaria um tempo pesadão com tempo de manobras dividido em porcentagens: As exatas manobras simples que dão as manobras complicadas que eu quero; transformar esforços prolongados, os que levam horas, em tricks voltadas em um instantes, sem tentativas, de primeira.
Otimizar o tempo, andar de duas a quatro horas, ``Pra andar!`` - Foge ao pensamento e fala alto no ponto de ônibus - pequenas pausas só, porque ficar só sentado não é skate, é frívolo igual fumaça. Concentrar de verdade está em corpo e mente sã, o cérebro e o corpo funcionando normal, quando coloca-se a mão na consciência aplica-se fórmulas ``bênçãos``, magníficas, mágicas e simplórias: Esforço + Concentração.

Os melhores skaters do mundo são muito concentrados, o O`neill parece só pensar um pouquinho e tentar duas vezes até aprender algo complicado. Por tempo só no caixote, algumas horas, por tempo só no trilho, algumas horas, por tempo só na transição, algumas horas e manter a totalizar uma consciência skateboard ótima.

O contrário eu fico bagunçado, tentar manobras diferentes e não focar em um esforço ao alcance de um objetivo. Dividir o tempo é determinar o tempo; cada um fica no seu tempo, ou melhor, entre gastronomia e skateboard, eu sei como meus dias andam, como ando no meu tempo, como anda os ponteiros do meu relógio. No gabinete do prefeito, o tempo dele corre do jeito que corre a mesa dele, que é diferente, com dinâmica própria, sob frenesis doentios de autômatos dessa vida e bênçãos de dias de sol macio, nuvens verdes e singularidades das regras dessa vida. Aliás, porque não chamar o presente de Matrix?

Matrix é uma metáfora à observação da realidade sob pontos de vista científicos: Se você ver um skater, há muitos movimentos e fatores calculáveis em um mesmo manobrar. Em física, o estudo dos movimentos, há como estudar e tratar cada um dos fatores que estão presentes no esporte. Contudo, cálculos e cálculos a pessoas comuns custam muitos e muitos papéis e canetas, bastante tempo. O manobrar do objeto skate é infinito, algo que para uma vida só parando o tempo!... Frizando em um computador!... Princípios físicos, assim como o movimento de um relógio, segundo e segundo, curvilíneo uniforme!... Um skater quando visto poderia ser calculado em imagem no computador, entretanto, essa imagem ser trocada por cálculos, números, logo veríamos uma imensidão de cálculos que tomam o espaço e preenchem a imagem , igual o filme: Matrix.

Se todos os movimentos que correm diariamente nas ruas fossem calculados fisicamente por um computador, teríamos um gerador infinito de cálculos físicos: Multiplicando!... e multiplicando!... e multiplicando!... Infinitamente. O próprio existir seria numericamente visto em um mundo onde tudo está em movimento. Desde os elétrons que vibram no átomo até às invenções grandiosas feito jatos.

Lembro uma vez de imaginar que entre altos e baixos, tem pizza de banana na Matrix, a gente vive várias experiências; conhece lugares, anda de skate, namora as gatinhas, come um hamburgão e vê o correr do tempo. Há como comparar um universo preto com rochas, metálicas, a um folha de papel tridimensional, capaz de escrever história, recortar o infinito, cultivar futuros, apreciar o tempo, curtir presentes. Quando nessa vida a gente olha pra um lado e pro outro e decide que é melhor andar de skate...

Sim, porque é minha parte preferida desse tempo. A gente vive, se apaixona, passo um tempo encantado pela Letícia; pra não contar que namorei sua foto, converso com você nos meus sonhos e acho que amores de cinema são superficiais demais pra compreender a profundidade do que temos pela frente. Penso em cantadas com estrelas e contar sobre sensações que não existem. Entre sonhos e desejos, surreais e infinitos, possíveis bons dias em manhãs frias sob cobertas, bebidas de chocolate e filmes no escuro; esse tempo não colabora...`` - O ônibus chega.

Dexter, avulso, passa o cartão passagem, segue a um ascento e retoma que nem tudo corre feito planos - ``Há futuros que não correm como planejados, talvez meus sonhos de infância fossem mesmo para dar errado. Aliás, ser skater profissional não deu certo. Quando vejo os meninos hoje nas pistas de skate; sinto a sensação de que o futuro não guarda bons planos. Há marginalidade envolvida e a solução está em separar, o skate: manobrar. Do que não é skate: crimes. O pessoal chega de skate na pista, enquanto há quem chegue sem skate, só com fumo. Fechar o ambiente levaria o nível de skate pra mais alto, quatro paredes e pistas de madeira fariam skaters excelentes, igual Drop Dead ou o que fazem lá na China, ambiente próprio e skaters extremamente habilidosos.

Entretanto, entre teimosias e permanências sob tempos e ares ruins, o tempo é escrito ao longo, dentro de futuros nada promissores. Quase não sei como é feito. Contudo, como é possível determinar anos e anos assim? Notei que as pessoas são um tanto conectadas ao habitual, repetem-se e fazem de maneira automática, é por isso que eu pego ônibus no mesmo horário. Hábitos são difíceis de mudar dentro de uma vida inteira. Parecem pertencer a teimosia em misto com o prazer. Alguns hábitos são recompensadores. Igual aprender que toda manobra de Shove-It é mais fácil de Fakie. Ao longo do tempo você aprende mais rápido do que indo pela base.

Planejar: Varial Flip de Fakie; Varial Heel de Fakie; HardFlip de Fakie; HardHeel de Fakie. A tentativa custa bem menos esforço e você memoriza o movimento, depois é tranquilão levar pras outras bases. - O ônibus vai chegando ao ponto do curso de culinária ao lado da prefeitura, Dexter puxa a cordinha com a mão, futuro chama, a porta abre e ele só vai...

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