28 de out. de 2019

Os desbravadores de ruas



Skater geralmente levam as maiores pancadas das ruas, por assim dizer, sem dar muito importância, isto é, andar pelos terrenos sinistros, passar por perrengues cabulosos e com só uma vontade na cabeça, andar de skate. Aí você vê menino sujo de roupas largas, carregando uma pranchinha com rodas em lugar sinistro e pensa ``menino cabuloso esse em``. Mas ele pode ser de qualquer lugar, de bairros classe alta, de longe, e de tanto que o skate o move, desbravando a rua, atravessa o surrealismo da cidade. Camiseta encharcada, sujo, sem ver o cansaço, caminhando sentido algum pico que tem como objetivo.

De fato há muito tesão em andar de skate, ou muita vontade, isto é, se tem um trilhozinho de mercado a quilômetros de distância, eles vão. O mais incrível é que o caminho as vezes é muita pancadaria, e a recompensa na cabeça deles é somente andar de skate. Mesmo que tenha outro lugar mais próximo e conhecido, se virem como meta o trilho do mercado na puta que pariu, eles vão, mesmo se não tiver calçada, muita subida, sola do tênis furado, pé torcido de poucos dias.

Se fosse possível empregar a mesma vontade em outra coisa, essa outra coisa seria muito bem feita. Apesar de que nesse mundo, demorando pra aceitar ou não, a recompensa está no trabalho ou no estudo, a energia que se gasta em cima do skate aliada a vontade de se andar é tão intensa quanto qualquer obrigação. Entretanto, se disser pra você mesmo que gosta tanto de alguma outra coisa quanto o skate, mesmo que não dê certo (porque não tem nada igual skate), é possível fazer bem. É possível estudar matemática com a intensidade de quem come lógica entre garfo e faca, considerando que depois de um tempo de esforço, quando você aprende fórmulas, dali em diante os exercícios são como tricks, como se o entendimento lógico desmanchasse prazerosamente no caderno. O mesmo vale pra história, química ou português. Estudos que tem-se no ensino médio, e dali pra faculdade não é tão mais complicado quando se compreende que a aprendizagem vem em linha, do mais simples pro mais complicado.
Seja lá estudando introdução ao Direito Processual Civil ou Introdução a física mecânica. Você vê o professor chegando em sala e dizendo ``Caramba turma! Ontem ganhei 20mil reais, pra vocês verem como é essa vida’’.
ou ``Olá rapaziada, tenho um recado, semana que vem chegará aqui na faculdade um investimento oferecido aos alunos de Eng. Trata-se de uma réplica de usina elétrica em microescala. Aparelhagem que ainda não há no Brasil``.
É fato que eu também amo kickflips, mas, tem coisa nessa vida que quando a gente dá atenção, não tem jeito. É muito naipe!

De modo raso, a comparação entre o esforço da vida skateboard com um outra coisa, tão excitante feito skateboard, são comparáveis no sentido de evolução.
Certo é que nessa vida quando você coloca força em alguma meta, você começa a ver que o trabalhar do esforço direciona-se em sentido do que se quer no final! Entretanto, é preciso ter o empurrão inicial, o começo das tentativas. Seja querendo aprender a usar um programa de edição de vídeo ou edição de áudio, quando se tenta e fuça, fuça, aprende. Aprender gramática, que seja, resume-se em ler um livro de cem páginas só. Ou o funcionamento de naves espaciais teóricas, (por que não?), que curvam o espaço tempo mantendo a dobra na velocidade da luz. Mas, se você nem abre e sempre diz baixinho ``Um dia eu aprendo isso, vou deixar pra esse dia``. Esse dia não chega, e a melhor resposta pra dar início a alguma coisa é o impulso inicial da força de vontade.



A força de vontade não compões tudo que você precisa, mas, se você tiver ela sempre junto, é uma espécie de combustível afim do objetivo.

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