29 de mai. de 2021

Autômato

Cachorros comem ração, um prato normal e um velho conhecido. Contém o fundamental a seres orgânicos, alguns nutrientes e alguma quantidade. Por muito tempo eu comi simplesmente arroz e feijão, tal qual cachorros e ração. Aliás, acostumei tanto que no café da manhã comia tranquilamente arroz. O outro grão é dito como chumbo, seria mais difícil de descer, entre cozimentos, se houvesse fome e uma panela a noite, comia em simples o feijão. E por mais que o tempo passasse, eu não sentia vontade de reclamar na hora da refeição, tratava como realmente conhecer o momento. No horário da refeição eu cozia grãos e comia quieto um prato que, de maneira íntima, é muito familiar. Os grãos são sementes um tanto duras, tê-las prontas exige certa maestria(domínio) entre panelas e fogo. São colocados na água em fervura e vão amolecendo, podendo ir do mole ao bem mole. Arroz e feijão tem gosto de ração humanóide, de gosto e valor que vão do essencial ao verdadeiramente excelente. A combinação pode ficar perfeita, os grãos estralarem de maneira brilhante e o tempero se expressar magnífico tanto no olfato quanto no paladar. O costume compreendia a fome e sacia-la, o que compreende medidas, uma janta normal ou a melhor do mundo. Comer arroz e feijão me parece comer uma ração perfeita, ideal, ótima. Aprendi a gostar muito do sabor e conheço bem a fome de um terráqueo. É compreensível que esse recorte de tempo me deu uma, simples e adoçável, boa lição. Preparar está além do prático, você consegue verdadeiramente sentir, portanto entre fazer e fazer melhor torna-se uma decisão consciente. Quanto mais você se mantém frente as panelas melhores eles ficam, sentindo a fervura e sentindo os próprios grãos com tempero. Também dá pra fazer de qualquer jeito, você conhece o tempo e também as medidas, então, só liga a panela, pega o relógio, e depois desliga. O tempo foi me provando que eu poderia sobreviver, quanto a refeições simplesmente me sinto benzão com arroz e feijão, sem choro. Fome, preparar, mastigar e não tem choro. Porque skatista não chora atoa. O corpo apresenta bastante saúde com grãos, incrivelmente o prato não engorda, por nada, por nada. Sob toda liberdade quanto a comer muito ou pouco, parece uma condição interiormente consciente ao corpo animal. Esses grãos são compreendidos de alguma maneira biológica pelo corpo humano. Parecem não mexer na silhueta. Parecem simplesmente transformar-se em energia e cumprir funções orgânicas. Logo, comer muito ou pouco gera o mesmo resultado. Quando um desafio passa pelos olhos a consciência responde de maneira direta, logo um Nollie por cima de um obstáculo é compreendido diretamente pela percepção, se vê o obstáculo e calcula da maneira que se sente (instinto, percepção) a distância e portanto a força e maestria necessária do pulo, tudo em primeira pessoa pelo sujeito e conscientemente. A percepção consciente traz todos os sentidos a um mesmo feito. Enquanto a chegada dos alimentos no estômago é invisível, os movimentos musculares interiores e o tratamento dos alimentos não possuem a mesma conhecida consciência corpórea. O interessante é que de alguma forma tais processos biológicos de consciencias peculiares parecem apresentar focos e ações específicas, sendo o estômago velho conhecido do tal arroz e feijão. Assim há uma compreensão direta do interior da chegada à saída, transforma em energia e funciona-se. A nutrição é boa e os músculos reagem bem, você pode inclusive entrar em excesso de exercícios, e por incrível que pareça arroz e feijão costumam ser suficientes. O gosto acostuma tanto que dá pra comer sem sal, sem alho, sem nada. De todo o ritual da refeição, pegar o garfo e levar a boca, mastigar e engolir, é simplesmente prazeroso. É tão da hora que eu me pergunto porque eu não reclamo. Eu não tenho fomes que desejam outra coisa. Chega a um nível de normalidade sem esperanças, sei que não haverá outra coisa dentro de nenhum futuro que eu consiga imaginar. Ainda sobre longas distâncias, homem se resolve só com arroz e feijão.

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